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Como posso deixar o queijo?

Questão de Lua Cheia

Informações Adicionais:

Já há alguns anos que bebo leite de soja mas não consigo resistir ao queijo... Adoro pizza... Já experimentei alguns queijos do Celeiro e não me souberam nada bem... Têm alguma sugestão?

Resposta Muda o Mundo

A primeira coisa que te podemos aconselhar é que tentes ter presente os motivos pelos quais queres ser vegano/a. Tenta ter presente que os outros animais têm o direito básico a não serem explorados e que não existem para nos servir (o que nem sempre é fácil, pois somos constantemente bombardeados com mensagens de apelo ao consumo de produtos de origem animal). Tenta interiorizar que não é justo usarmos as vacas ou outros animais apenas para lhes roubarmos o seu leite para o bebermos ou para fazer queijo, e verás que se torna muito mais fácil rejeitar esses alimentos. Procura informar-te bem sobre tudo aquilo por que passam as mães usadas nesta indústria (ver As Vacas “Felizes”, o Leite e o Queijo) e utiliza essa informação para fortalecer a tua rejeição de lacticínios.

Mas ficar-se “agarrado” ao queijo é uma situação bem mais comum do que possas imaginar. Sorriso Para muitos veganos, o queijo foi o único produto de origem animal que realmente lhes custou deixar de comer, o que pode ser em parte explicado pelo seu efeito opiáceo. O leite — seja ele de vaca, humano ou de outras espécies — contém uma proteína denominada caseína. Para se fazer queijo, é necessário coalhar o leite (ou seja, solidificá-lo), o que aumenta a concentração de caseína. Quando a caseína é digerida, são libertadas pequenas moléculas opiáceas denominadas casomorfinas, que provocam sensações de bem-estar semelhantes às de outros opióides, como a morfina e a heroína. A função destes químicos parece ser a de incentivar o recém-nascido a amamentar-se (o que também ajuda a explicar porque alguns desmames são tão difíceis) e a fortalecer os laços naturais entre mãe e filho. Claro que não há nada de natural em os humanos consumirem leite de outras espécies (muito menos quando já não estão em idade de mamar Piscadela), mas este efeito narcótico também é sentido pelos humanos.

Ou seja, à semelhança do chocolate, por exemplo, o queijo também pode ser viciante. Para algumas pessoas, tomar conhecimento deste facto e ter conhecimento da crueldade e injustiça envolvidas na indústria dos lacticínios é o suficiente para deixarem de se sentir atraídas pelo queijo. De facto, há muitos veganos que agora sentem aversão pelo queijo que antes devoravam.

Pode ser um processo difícil durante as primeiras semanas, mas há alguns truques que te poderão ajudar a desabituares-te do queijo. Podes tentar comer outros alimentos que preencham de alguma forma esse desejo (por exemplo, experimenta comer algo gorduroso e salgado ou fazer esta preparação para piza). Ou, em vez de tentares substituir o queijo, podes explorar a imensidão de deliciosas refeições sem queijo que tens à tua disposição (espreita a secção Receitas Veganas) e, quem sabe, em pouco tempo deixarás de sentir falta do queijo.

Se, mesmo assim, surgirem alturas em que sintas um desejo quase incontrolável de comer piza ou queijo, tenta criar repulsa pelo queijo. Pensa que o leite pode conter vestígios de pus ou de sangue e que não passa de secreções de outro animal (comerias queijo feito de leite de cadela ou de leite de gorila?). Pensa que o queijo pode nem sequer ser vegetariano. Este é um facto muito desconhecido, mas, dependendo da variedade de queijo, o agente coagulante utilizado para coalhar o leite pode ser a renina, que é extraída da membrana de revestimento do quarto estômago de bezerros ou outros ruminantes jovens, como cordeiros e cabritos, depois de estes serem mortos (é a renina que permite que façam a digestão do leite materno).

Neste momento, abandonar o queijo pode parecer-te uma barreira quase impossível de transpor, mas, para derrubar essa barreira apenas precisas de te manter firme na convicção de que os outros animais não existem para nos servir. O resto, o tempo se encarregará de tornar cada vez mais fácil! Piscadela

Publicado em 20 de Junho de 2011

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