Iodo

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Funcionamento da Tiróide

O iodo é necessário para um funcionamento saudável da tiróide, a qual regula o metabolismo. Tanto a falta de iodo como o seu excesso podem resultar em distúrbios no metabolismo da tiróide. Eis um pequeno excerto das informações sobre iodo disponibilizadas pela Sociedade Vegana do Reino Unido:

«(…) A deficiência em iodo durante a gravidez e infância pode resultar em cretinismo (atraso intelectual irreversível e limitações motoras graves). (…) O hipotiroidismo pode manifestar-se por falta de energia, pele seca ou escamada ou amarelada, formigueiro e dormência nas extremidades, aumento de peso, esquecimento, alterações de personalidade, depressão, anemia e períodos prolongados e fortes nas mulheres. (…) O hipotiroidismo também pode causar o síndrome do túnel cárpico e o fenómeno de Raynaud [episódios de perda da irrigação sanguínea nos dedos, orelhas e nariz]. O hipotiroidismo pode conduzir a aumentos significativos nos níveis de colesterol e de homocisteína e está associado a cerca de 10% dos casos de colesterol elevado. A correcção do hipotiroidismo pode conduzir a uma redução de 30% nos níveis de colesterol e de homocisteína.»

De acordo com a Mayo Clinic, uma glândula tiróide muito activa (hipertiroidismo) ou subactiva (hipotiroidismo) também pode conduzir à queda de cabelo.

Deficiência de Iodo

O iodo apenas é encontrado de forma inconsistente nos alimentos vegetais, dependendo da concentração de iodo no solo. Os alimentos cultivados junto ao oceano tendem a ter maiores níveis de iodo. O iodo encontra-se de forma consistente em muito poucos produtos, incluindo lacticínios (são utilizadas soluções de iodo para limpeza das tetas das vacas e do equipamento de recolha do leite, sendo que algum iodo acaba no leite) e alimentos marinhos (incluindo algas).

A deficiência de iodo é um problema para o qual os veganos europeus devem estar alerta. Os estudos têm mostrado que os veganos na Europa (onde o sal não é iodado ou não é iodado a níveis suficientes) que não tomam suplementos (bem como aqueles que tomam suplementos em excesso) têm sintomas de doenças da tiróide.1-2 As grávidas veganas devem ter particular atenção a este nutriente e assegurar a ingestão adequada de iodo de uma fonte fidedigna, uma vez que a deficiência em iodo pode inibir o desenvolvimento cerebral num feto.

Nos EUA, a deficiência de iodo em veganos é menos comum do que na Europa, pois nos EUA é mais fácil encontrar níveis adequados de iodo na alimentação. Num estudo transversal de 2011 na área de Boston, foram medidos os níveis de iodo na urina de 78 ovolactovegetarianos e 62 veganos.3 Foram excluídas do estudo pessoas a quem tinham sido anteriormente diagnosticados problemas da tiróide. De acordo com os autores, "a suficiência de iodo na população é definida por uma concentração média de iodo na urina na ordem dos 100 µg/l ou superior em adultos e na ordem dos 150 µg/l ou superior na gravidez." Verificou-se uma concentração média de iodo na urina dos veganos (79 µg/l; intervalo 7-965 µg/l) significativamente mais baixa do que a dos vegetarianos (147 µg/l; intervalo 9-779 µg/l). Os marcadores de função da tiróide mostraram-se semelhantes em ambos os grupos e dentro do limite normal; apenas um vegano e nenhum vegetariano tinha um funcionamento anormal da tiróide. A maioria dos veganos não se estava a esforçar por garantir uma ingestão adequada de iodo.

Antagonistas do Iodo

Existem componentes na soja, na linhaça e em vegetais crus da família dos brócolos, couves-de-bruxelas, couve-flor e repolho que contrariam o efeito do iodo. Estes componentes, denominados bociogénicos, suprimem a função da tiróide e contribuem para o aumento de volume da glândula tiroideia, condição conhecida como bócio. Por conseguinte, a ingestão de grandes quantidades de soja associada a uma ingestão inadequada de iodo pode exacerbar a deficiência de iodo.

Recomendações e Fontes

Para os veganos que não consomem sal iodado nem algas ricas em iodo, é recomendável a suplementação com 100–150 µg de iodo por dia (no caso de suplementos com maior quantidade de iodo, estes deverão ser tomados com maior intervalo, sendo conveniente não ultrapassar os 300 µg de iodo por dia, no total). É importante não consumir iodo em demasia, pois o intervalo de iodo recomendado para um bom funcionamento da tiróide é relativamente reduzido: cerca de 100–300 µg por dia. A maioria dos suplementos multivitamínicos veganos contém iodo.

O sal iodado pode não ser uma boa solução para garantir uma ingestão adequada, porque é difícil saber exactamente quanto iodo se ingere e porque deve limitar-se a ingestão de sal por motivos de saúde. Embora os estudos sobre a ingestão de sal e a mortalidade global tenham apresentado resultados mistos, existe uma ligação entre o sal e a hipertensão, sendo que uma ingestão diária de sal superior a 2,000 mg aumenta a perda de cálcio na urina, o que pode aumentar o risco de osteoporose. Por este motivo, é preferível obter o iodo sob forma de um suplemento ou multivitamínico. Dado que os suplementos de iodo costumam ter 150 µg por tablete, tomar uma tablete em dias alternados deverá ser suficiente.

Quem consome regularmente algas (várias vezes por semana), obtém provavelmente uma quantidade adequada de iodo. Contudo, a quantidade de iodo nas algas é variável e quem consome bastantes algas pode facilmente ingerir iodo em demasia. Os casos relatados em fontes científicas de toxicidade por iodo referem-se sobretudo a consumo excessivo da alga kelp (Laminariales) ou de suplementos de iodo. Por isso, à semelhança do sal, não recomendo a adição de algas à dieta para obtenção de iodo.

DDR de Iodo

IdadeDDRLimite
0–6 meses110 µg--
7–12 meses130 µg--
1–3 anos90 µg200
4–8 anos90 µg300 µg
9–13 anos120 µg600 µg
14–18 anos150 µg900 µg
mais de 18 anos150 µg1100 µg
gravidez
18 anos ou menos220 µg900 µg
mais de 18 anos220 µg1100 µg
aleitamento
18 anos ou menos290 µg900 µg
mais de 18 anos290 µg1100 µg

Nota: não exceder o limite.
O iodo é medido em microgramas ("µg" ou "mcg"). 1000 µg = 1 mg.

Factóides Sobre o Iodo

Referências:

  1. Appleby PN, Thorogood M, Mann JI, Key TJ. The Oxford vegetarian study: an overview. Am J Clin Nutr. Setembro de 1999;70(3 Suppl):525S-531S.
  2. Lightowler HJ, Davies GJ. Iodine intake and iodine deficiency in vegans as assessed by the duplicate-portion technique and urinary iodine excretion. Br J Nutr. Dezembro de 1998;80(6):529-35I.
  3. Leung AM, Lamar A, He X, Braverman LE, Pearce EN. Iodine Status and Thyroid Function of Boston-Area Vegetarians and Vegans. J Clin Endocrinol Metab. 2011 May 25. [Epub ahead of print]

Inclui conteúdo disponibilizado pela Sociedade Vegana do Reino Unido.

© 2003–2011 Jack Norris, Nutricionista. Original em VeganHealth.org.