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De carnívora a vegetariana a vegan?

Questão de Dulce Monteiro

Informações Adicionais:

Até há pouco tempo eu era a típica portuguesa carnívora. Apesar do meu amor profundo por qualquer animal, a “cultura carnívora” estava de tal forma enraizada em mim que me abstraía de quase tudo o que estava por trás do bife que chegava ao meu prato. Aos poucos fui despertando, deixei de comprar carne e tentei controlar o que como fora de casa (por vezes tenho pouquíssimas opções devido ao meu trabalho), sendo que estou de facto a tentar abandonar totalmente a carne. No entanto, nunca pensei em abandonar produtos como o leite e os ovos, apesar de ter passado a consumir apenas produtos de agricultura biológica/ecológica. A minha questão é a seguinte: A agricultura biológica não respeita de facto os animais? Ou seja, ao consumirmos ovos/leite/queijo de quintas biológicas não estamos a consumir produtos de animais cujo ciclo natural da vida foi respeitado? Ou é apenas uma ilusão e continuamos a consumir produtos de animais amontoados, tratados como mero produto? Obrigada.

Resposta Muda o Mundo

(Não deixes de consultar a questão sobre o consumo de leite biológico, a que já respondemos aqui.)

Independentemente do grau de exploração e sofrimento a que são sujeitos os animais em explorações de carne, leite ou ovos biológicos, a vida de todos eles acaba precoce e violentamente num matadouro. E esta violência injustificável — que existe em todos os sistemas de produção de produtos de origem animal — deveria ser mais do que suficiente para merecer a completa e inequívoca rejeição de todos nós.

Temos vindo a justificar a exploração e a morte diária de milhões de animais não-humanos com base numa mentalidade retrógrada de que os outros animais não se importam que os usemos e os matemos — achamos que apenas devemos ter o cuidado de não lhes causar muito sofrimento enquanto os usamos. Claro que isto é uma presunção completamente infundada (mas muito conveniente).

A maior crueldade que podemos fazer a outro é matá-lo (ver Respeitar e Matar?). A morte é o fim da busca da alegria, do contentamento, da satisfação e de todas as oportunidades que a vida oferece. Que tamanha cegueira esta sociedade nos impinge para acreditarmos, por um segundo que seja, que não há nada de errado em matarmos os outros animais a nosso bel-prazer? Se a morte lhes fosse indiferente, por que motivo haveriam os outros animais (tal como os humanos) de lutar conscientemente pela sobrevivência, fugir do perigo e evitar o sofrimento? Como pode alguém dizer que o cão que espera ansiosamente que cheguemos a casa para receber mimos não se importaria nada de morrer naquele instante? Os humanos são mesmo peritos em arranjar desculpas para explorar e matar os outros...

Mesmo que não gostemos muito de o admitir, somos criaturas de hábitos para quem é sempre difícil fazer mudanças — e abraçar o veganismo pode parecer-nos uma mudança demasiado grande. Pouco depois de nos apercebermos da terrível injustiça que é explorar e matar outros animais, apercebemo-nos de tudo aquilo de que teremos de “abdicar” e de todos os hábitos que teremos de mudar, se quisermos viver de acordo com os nossos princípios. E praticamente todos nós passamos por uma fase em que começamos então a tentar racionalizar alguma exploração animal mais “suave” e a arranjar desculpas para continuar a consumir produtos de origem animal. A nossa relutância é agravada pelo facto de vivermos numa sociedade em que a exploração animal é a norma, em que os animais são encarados como seres inferiores que existem para servir os humanos.

Mas a boa notícia é que a alternativa está ao alcance que qualquer um. Os veganos não são super-heróis e o caminho acaba por ser tornar fácil e natural, pois o veganismo trata-se simplesmente de colocar em prática o respeito pelos outros animais que já todos professamos. Não deixes de explorar o site, pois encontrarás muita informação para te ajudar na tua caminhada de omnívora a vegana. Sorriso

Publicado em 12 de Julho de 2011

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