Fui Vegana/o Durante Algum Tempo, Mas…

Embora muitos veganos tenham excelente saúde, outros encontram algumas dificuldades. Quando a motivação é contribuir para reduzir o sofrimento animal, é normalmente possível arranjar solução para este dilema, e encontrar respostas tem sido o objectivo dos artigos de nutrição que tenho escrito. É minha convicção de que é importante alertar as pessoas para estas questões. Embora fazê-lo possa não atrair inicialmente tantas pessoas como alegar que a dieta vegana constitui a cura para todos os males de saúde, fazer com que as pessoas se mantenham veganas ao longo da vida é a tarefa mais importante.

Algo tão simples como não ingerir calorias suficientes pode ser um problema para uma pessoa mal informada que decida experimentar a dieta vegana durante alguns dias. Se a pessoa apenas conhecer alimentos veganos de baixo teor calórico (por exemplo, saladas, hortaliças e frutas), é natural que ao fim de um dia se sinta com fome e fraca.

Existem organizações e grupos que promovem a dieta vegana e tentam informar as pessoas sobre a ampla variedade de alimentos vegetais que podem ser utilizados na alimentação. Ao promover a dieta, cada pessoa poderá ajudar a preparar potenciais veganos para a possibilidade real de poderem não se sentir bem se não ingerirem alguns alimentos ricos em calorias.

Desde há muito que a vitamina B12 nas dietas vegetarianas é fonte de controvérsia e de ideias que se vieram a revelar erradas. (De facto, a controvérsia tem sido tanta, que uma parte significativa dos artigos desta secção é dedicada à vitamina B12). Tal conduziu a que muitos veganos ficassem com deficiência de B12. Ainda hoje, há muitos veganos que não percebem a importância de se ter uma fonte fidedigna de B12 na dieta.

Os mitos nutricionais rapidamente passam de um extremo para o extremo oposto — tão depressa algo é um problema tão sério que as pessoas não deviam ser veganas, como logo a seguir já não tem importância nenhuma. A verdade está muitas vezes no meio termo. Exemplos disso são a proteína, o cálcio e a vitamina D.

Em tempos, pensava-se que para se poder depender apenas de proteínas vegetais era necessário combinar determinados alimentos a cada refeição. Hoje, sabe-se que isso não é verdade. Mas, ao rebater o mito, as alegações começaram por "Não é necessário combinar proteínas", passaram depois para "É fácil obter as proteínas suficientes numa dieta vegana" e chegaram à perigosa alegação "É impossível não obter as proteínas suficientes"! Em média, os veganos obtêm proteínas suficientes, mas os veganos que evitem leguminosas e alimentos de soja poderão não estar a ingerir as proteínas suficientes e poderão não se sentir saudáveis.

No que concerne ao cálcio, é possível escolher alguns estudos que suportam a ideia de que a proteína animal (incluindo a proteína do leite) é a principal causa de osteoporose. E, seguindo esta lógica, faria sentido que os veganos não precisassem de se preocupar com a osteoporose, uma vez que não ingerem proteína animal. Era bom que isso fosse verdade, mas quem analisar mais estudos irá muito provavelmente concluir que os veganos, à semelhança dos não-veganos, devem garantir que têm boas fontes de cálcio e vitamina D todos os dias.

Seria bom que quem advoga a dieta vegana promovesse a dieta de forma a minimizar os riscos de quem adopta a dieta ter uma má experiência. Ao fazê-lo, os futuros estudos de saúde em veganos poderiam mostrar-nos como tendo melhor saúde do que os omnívoros.

© 2003–2011 Jack Norris, Nutricionista. Original em VeganHealth.org.